Desafio educacional e o papel da sociedade

Professora ensina aluna em sala de aula: desafio educacional e o papel da sociedade. Um dos fatores mais importantes que têm sido observados ao longo das últimas décadas é o chamado “apagão educacional”.

Desafio educacional e o papel da sociedade. Um dos fatores mais importantes que têm sido observados ao longo das últimas décadas é o chamado “apagão educacional”. Apesar de inúmeros programas educacionais terem sido propostos ao longo de diferentes governos para crianças, jovens e adultos seguimos com um imenso número dos chamados analfabetos funcionais onde as dificuldades de leitura e escrita são gritantes. 

Dificuldades de leitura e interpretação geram um impacto significativo para qualquer um que necessite seguir algum tipo de instrução seja um manual para fazer funcionar a nova batedeira, compreender as instruções dadas pelo médico para seguir a receita de mais de um medicamento ou até mesmo compreender uma notícia publicada em um jornal ou uma revista. Se formos mais longe, há grande dificuldade para fazer inferências e abstrações sobre o material lido e, portanto, atribuir crítica sobre o que está escrito. É o famoso “dar o meu palpite sobre o que foi lido ”.

Da mesma maneira, a escrita também é impactada quando não consigo organizar as ideias e transmiti-las em um texto que seja claro e respeite as regras da Língua. O leitor que quero atingir, seja meu chefe, meu amigo ou professor, não conseguirá compreender o que realmente quero dizer. A lista de empecilhos pode começar em atos muito simples, como preencher uma ficha para se candidatar a uma vaga de emprego, na leitura e compreensão de um contrato para obter o financiamento de sua casa própria.

Além das pesquisas científicas que embasam a literatura da área educacional, é possível ver esses dados no cotidiano de fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos, educadores nas escolas que sentem isso na pele. Parece que a cada ano o gap aumenta. Em minha opinião, existem algumas soluções viáveis para mudar o cenário atual e vou tentar descrever aquelas que acredito serem facilmente aplicáveis a curto prazo.

Desafio educacional: existe solução?

Acredito que já há um movimento de início de conscientização do tamanho do buraco em que estamos. Resolver o problema não é algo para um governo seja ele desse ou daquele candidato ou partido.

Há necessidade urgente de investimentos direcionados para as áreas de educação infantil e séries iniciais em um projeto de médio e  longo prazo. Em paralelo, investir também nas séries do Fundamental II e Ensino Médio para preparar jovens para a vida e não para o vestibular somente. Isso inclui a criação e fortalecimento de escolas com ensino técnico de qualidade.

O que implica em um pacto pela Educação de toda a sociedade e não desse ou aquele candidato que venceu as últimas eleições. Analisar o que está sendo feito e como aprimorar ou dar continuidade aos projetos do antecessor.

E é aí que cada brasileiro conta: faça seu papel de exigir educação de qualidade para todos. Educação é a melhor resposta para o exercício pleno da cidadania em uma sociedade democrática. Talvez assim o Brasil consiga sair desse patamar ruim em relação à leitura e escrita e como consequência melhorar o nível educacional de sua população.

Brasil é um dos países com menor investimento por aluno

Aluno em sala de aula junto aos seus colegas; desafio educacional: Brasil é um dos países com menor investimento por aluno

Está no relatório “Education at a Glance”: o Brasil é um dos países com menor investimento por aluno entre os pesquisados. Na educação básica, são US$ 3.975 por ano, anos-luz distante da média da OCDE (US$ 10.949, numa conta que já ajusta os resultados pelo poder de compra de cada país). Somos ainda uma das nações que pior remunera seus professores. Enquanto o piso nacional é de US$ 20.261 anuais, na média da OCDE o valor é de US$ 34.563.

Mesmo no polarizado campo da educação há alguns consensos. Não se faz boa escola sem condições de ensino adequadas nem educadores bem-remunerados.

Nas últimas duas décadas diferentes governos tem tentado melhorar o ensino nacional.   Algumas iniciativas como a criação de uma Base Nacional Curricular e uma proposta de reforma do Ensino Médio e o piso nacional de carreira para educadores são exemplos dessas ações. Entretanto, o escasso diálogo com a sociedade em geral ou especialistas da área geraram forte rejeição à forma como essas propostas foram e ainda estão sendo implementadas.

O Brasil é um país de proporções continentais e realidades completamente diversas tanto a nível cultural como em nível de necessidades específicas de cada município, cidade ou estado. Não considerar essas especificidades acaba favorecendo a não implantação de mudanças importantes fruto das necessidades específicas de cada região.

É claro que não é possível ter um plano individual para cada escola de cada município, mas discutir e ouvir especialistas da área de educação  facilitaria a adaptação de uma base nacional curricular que atendesse a singularidade de cada  região. O projeto pode ser macro, mas as necessidades educacionais se apresentam no plano micro.

Devemos apoiar a formação e capacitação dos educadores de forma contínua

Outro fator importante é fornecer e apoiar a formação e capacitação dos educadores de forma contínua. Esse é um dos aspectos mais importantes para que aquele que abraça a carreira do magistério siga se aprimorando cada vez mais frente as demandas de seus alunos que mudam ao longo tempo.

Não basta aumentar a porcentagem do PIB que se gasta com a Educação , é fundamental que nossos governantes e legisladores gastem em áreas essenciais e com qualidade. Isso só será viável quando houver um pacto nacional e não de governos que mudam a cada 4 anos. Pensar o futuro das gerações vindouras precisa ser a base de nosso compromisso com a sociedade em geral.

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