A saúde mental das crianças é um aspecto essencial para o seu desenvolvimento e bem-estar geral. É fundamental para os pais e educadores compreender a importância de cuidar da saúde mental das crianças desde cedo tanto quanto da saúde física. Saúde mental engloba a capacidade de lidar com as emoções, estabelecer relacionamentos saudáveis, enfrentar os desafios do dia a dia e, acima de tudo, prepara a criança para lidar com os desafios da vida adulta.
Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo nos problemas de saúde mental entre as crianças. Estima-se que, no mundo, uma em cada quatro a cinco crianças e adolescentes apresente o diagnóstico de algum transtorno mental. No Brasil, ainda faltam pesquisas, mas, , acredita-se que a incidência varie de 7% a 20%. Como ocorre em outros países. É importante destacar que um número significativo dos transtornos mentais podem se manifestar antes dos 18 anos.
Fatores importantes que podem influenciar a saúde mental das crianças e jovens podem estar relacionados à pressão escolar, forte exposição às mídias sociais, dificuldade para lidar com frustrações e outras influências externas que também podem ter um impacto negativo na saúde mental delas. Por isso é fundamental que os adultos (pais e educadores) ao seu redor estejam atentos a sinais de estresse, ansiedade, tolerância a frustrações, exigência excessiva, cansaço recorrente, compulsão alimentar.
Por isso, gostaríamos de trazer algumas reflexões para que os responsáveis possam observar em seus filhos, alunos, sobrinhos, netos e com isso buscar promover, situações no dia a dia que apoiem e desenvolvam o bem-estar emocional das crianças.
O impacto da saúde mental no desenvolvimento das crianças e jovens
Saúde mental é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social de qualquer pessoa e o início desse processo ocorre na infância. Quando as crianças têm um ambiente acolhedor e que propicia diferentes experiências na escola, em casa e ao brincar, conseguimos estabelecer as bases de uma boa saúde mental.
Elas se tornam, a cada dia, mais aptas a aprender com suas experiências, se relacionar com os outros, compreender as diferenças e se adaptar às situações com maior facilidade. Fundamentalmente, aprendem a lidar com situações adversas e desenvolver respeito e tolerância para aquilo que foge ao seu controle.
Uma criança ou jovem mentalmente saudável exibe curiosidade, resiliência e empatia. Possui habilidades sociais sólidas, mantém relações saudáveis com seus pares e com adultos, expressa emoções de maneira apropriada e lida de maneira eficaz com desafios de seu cotidiano. Além disso, desenvolve autoconfiança, autoestima e cristaliza seu aprendizado de modo a se adaptar e resolver situações problemas tanto no ambiente doméstico como em outros ambientes sociais, por exemplo, a escola.
O desenvolvimento emocional equilibrado, aliado a um ambiente afetivo e que promove apoio, favorece a saúde mental infanto juvenil.
Importante destacar que tudo isso é uma construção, um processo ao longo de uma vida e que é fundamental estar atento às características de cada criança ou jovem além de conhecer o que é esperado para cada faixa etária.
Nossa proposta aqui é oferecer um espaço de reflexão e apoio prático aos pais e educadores, compartilhando dicas e estratégias para promover a saúde mental das crianças e jovens. Isso implica desde o incentivo a uma comunicação aberta e empática até estabelecer rotinas seguras e proporcionar um ambiente seguro para nutrir o bem-estar emocional de cada um.
Problemas comuns de saúde mental das crianças
A saúde mental desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das crianças e jovens. Problemas de saúde mental podem trazer consequências negativas e impactar diretamente na qualidade de vida pessoal, escolar e profissional. As queixas mais comuns em crianças e jovens estão relacionadas a dificuldades em se concentrar na escola, lidar com suas emoções, estabelecer amizades e desenvolver habilidades sociais nos diferentes contextos do cotidiano.
Alguns dos diagnósticos mais comuns na infância e adolescência incluem: Transtorno de ansiedade; Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH); Transtornos de humor; Transtornos de conduta; Transtorno do espectro do autismo (TEA).
Cada um desses diagnósticos possuem características próprias e devem ser fruto de avaliações interdisciplinares feitas por profissionais especialistas na área que incluem fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos, neuropsicólogos, neuropediatras, psiquiatras. É fundamental que pais e educadores estejam atentos a isso já que hoje em dia temos observado uma avalanche de diagnósticos que impactam diretamente na vida de cada criança e jovem, muitas vezes, de maneira extremamente negativa.
O que é importante destacar aqui é que Família e Escola devem observar o comportamento geral de seus filhos e estudantes no ambiente social.
Dificuldades de aprendizagem, socialização, não conseguir lidar com frustração ou com as regras sociais, agitação excessiva, dificuldade de atenção ou de manter o foco em uma atividade de maneira contínua são sinais de alerta para que familiares e educadores busquem profissionais especializados para avaliar e sugerir o processo terapêutico compatível com o diagnóstico de cada criança ou jovem.
Consequências de problemas de saúde mental na infância
As consequências de problemas de saúde mental na infância e adolescência quando não acompanhados por profissionais especializados podem incluir dificuldades acadêmicas, problemas de comportamento, isolamento social, baixa autoestima, problemas de saúde física e maior risco de desenvolvimento de distúrbios mentais na vida adulta.
É fundamental estar atento às dificuldades que crianças e jovens podem estar enfrentando em sua vida familiar e escolar, identificar precocemente e ser acompanhado terapeuticamente de acordo com a necessidade de cada caso por fonoaudiólogo, psicólogo, psicopedagogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicomotricista, neuropediatra ou psiquiatra infantil.
Além disso, o apoio e orientações para a família e escola são essenciais e fazem toda a diferença para promover o bem-estar emocional e o desenvolvimento saudável da criança ou jovem.
O papel dos pais no apoio à saúde mental das crianças e jovens
A família, na maior parte das vezes, é quem busca avaliação e tratamento quando reconhecem alguns comportamentos que geram impacto negativo na aprendizagem ou na socialização de seus filhos. Também cabe destacar aqui que, muitas vezes, as queixas são da escola ou ocorrem preferencialmente em ambiente escolar. É importante estar atento e ciente dessas dificuldades de modo a poder identificá-los precocemente e buscar ajuda especializada.
Uma informação importante é entender que as crianças e jovens podem expressar questões de saúde mental de maneiras diferentes das dos adultos. Algumas características comuns podem incluir mudanças no comportamento habitual, como agressividade, isolamento social, dificuldades de concentração, alterações no sono e apetite, e queda no rendimento escolar.
Quando essas características são observadas, é importante buscar orientação de um profissional especializado na área para que possa ser feita a avaliação e o processo diagnóstico. Somente após essa etapa é que será elaborado um plano terapêutico de acordo com as demandas e necessidades de cada caso.
Existem várias estratégias que os pais podem adotar para favorecer a saúde mental de seus filhos. Um dos fatores mais importantes é estabelecer uma comunicação sistemática e empática além de proporcionar atividades lúdicas que favoreçam e o brincar.
Os pais devem estar disponíveis para ouvir seus filhos e validar suas emoções. Da mesma maneira, devem ensinar seus filhos a ouvirem os outros e respeitarem aqueles que pensam diferente deles. Dessa maneira, a criança e jovem aprende desde cedo o caminho do diálogo e da empatia para estabelecer suas relações sociais ao longo da vida.
As crianças devem se sentir amadas e acolhidas em suas opiniões e singularidade. Além disso, é essencial estabelecer rotinas saudáveis, promover hábitos de alimentação e sono adequados e incentivar a prática de atividades físicas e hobbies.
A importância de brincar
Brincar é fundamental para o desenvolvimento físico e emocional de crianças e jovens, pois é dessa maneira que constroem seu repertório de estratégias para solucionar qualquer problema que enfrentem e aprendem a lidar com situações adversas e cristalizam o lidar com frustrações quando algo sai diferente do que esperavam ou foge ao seu controle.
Fundamental que pais avaliem o quanto a rotina diária da criança e jovem está ou não com excesso de atividades e compromissos extraescolares e que podem impactar diretamente no comportamento de seus filhos. Hoje é extremamente comum observar crianças estressadas, ansiosas com agendas repletas de atividades sem tempo para brincar.
Nem sempre preencher o dia de seu filho com varias atividades é o melhor jeito de favorecer seu desenvolvimento emocional e físico. O papel dos pais no cuidado com a saúde mental das crianças e jovens é de suma importância para sua qualidade de vida e desenvolvimento.
É deles, no contexto mais amplo, a responsabilidade de fornecer um ambiente seguro, estável e amoroso que propicie experiências em seu cotidiano que reforcem sua auto estima, sua auto confiança e como consequência o desenvolvimento saudável físico e emocional de seus filhos.
Estratégias para promover a saúde mental positiva nas escolas
Os pais desempenham papel fundamental na promoção da saúde mental das crianças e jovens. Entretanto, o segundo grande pilar dessa missão pertence ao ambiente escolar já que a maioria das crianças e jovens passa grande parte de seu dia na Escola.
Tendo em vista que a Escola é o primeiro ambiente de socialização fora do ambiente familiar, a colaboração entre educadores , pais e profissionais da área da saúde é essencial para identificar precocemente sinais de dificuldades e oferecer suporte adequado e compatível com cada caso.
Atualmente a maior parte das Escolas adotam abordagens inovadoras que visam promover a saúde mental infanto juvenil. Integração de práticas de mindfulness e meditação no currículo auxiliam no gerenciamento do estresse. Além disso, favorecer espaço para o diálogo entre estudantes e educadores, respeito a diferença e reduzir a competição entre alunos e classes favorece a criação de um ambiente onde a empatia e o diálogo se fazem constantes.
Programas de educação emocional capacitam os educadores a compreender e lidar com as emoções de seus alunos de forma saudável e respeitosa. Iniciativas que visam coibir situações de bullying e a promoção de relações sociais que cultivem um ambiente inclusivo também favorecem a criação de um ambiente saudável dentro da Escola.
É possível promover a saúde mental infanto juvenil por meio de práticas simples e acessíveis em qualquer escola. Um exemplo é introduzir atividades ao ar livre, como jogos e aprendizado em ambientes naturais, estimulando a conexão com a natureza e reduzindo o estresse.
Atividades que impliquem em um projeto comum da classe ou de grupos como feiras culturais, passeios extra-ambiente escolar (estudo do meio) também favorecem a sensação de pertencer a um grupo, cooperação e cristaliza a relação de identidade pessoal de cada aluno.
Brincadeiras colaborativas fomentam relações saudáveis
Brincadeiras colaborativas, como jogos de equipe e rodas de conversa, fomentam relações saudáveis entre os alunos. Incorporar momentos de pausa para a respiração e reflexão, sem a necessidade de recursos especiais, fortalece habilidades emocionais. Essas abordagens não apenas apoiam o desenvolvimento mental, mas também promovem a alegria e a criatividade na jornada educacional.
Além disso, o trabalho interdisciplinar com profissionais da área da saúde nos casos em que a criança é atendida fora da escola reforça a assistência individualizada quando necessário e favorece o desenvolvimento pessoal do estudante de acordo com seu potencial.
Recursos e suporte para pais e educadores
Existem muitos recursos e suporte disponíveis para pais e educadores que desejam favorecer a saúde mental das crianças e jovens. Informações sobre saúde mental infantil e juvenil podem ser encontradas com diferentes profissionais, por exemplo, psicólogos, fonoaudiólogos, psicomotricistas, psicopedagogos, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, neuropediatra, psiquiatra. . É importante buscar apoio profissional individualizado, que possam fornecer orientação especializada e intervenção quando necessário.
Na Clínica Gertel nós contamos com profissionais especializados em diversas áreas da saúde e educação, que oferecem suporte para as crianças, jovens, pais e educadores que queiram conhecer nossa proposta de trabalho e intervenção terapêutica. Também trabalhamos com prevenção, atendimento precoce, orientação às famílias e escolas e assessoria/supervisão para profissionais da área da saúde e da educação.
Importância da intervenção precoce e da busca de ajuda profissional
Quanto mais cedo um problema de saúde mental for identificado e tratado, melhores serão as chances de propiciar um desenvolvimento de acordo com o potencial das crianças e dos jovens. A intervenção precoce é fundamental para evitar que problemas de saúde mental se agravem e afetem negativamente a vida das crianças e jovens.
Se houver suspeita de um problema de saúde mental, é essencial buscar ajuda profissional para avaliação, tratamento e orientações a família e escola.
Para promover a saúde mental das crianças e jovens , é importante criar um ambiente afetivo, de diálogo, escuta e de apoio emocional. Isso inclui oferecer um espaço onde as crianças e jovens se sintam à vontade para expressar suas ações, emoções e preocupações, sem julgamentos.
Também é essencial promover um ambiente de tolerância e respeito às diferenças entre as pessoas, onde cada um é valorizado em sua singularidade. Esse ambiente humano proporciona afeto, segurança, respeito e dá as bases para uma vida ética.
A saúde mental das crianças e jovens ainda é uma área que pouco se discute e repleta de ideias errôneas que levam a julgamentos precipitados por parte dos adultos em geral. Por requerer atenção e cuidado constantes pais e educadores precisam ter em mente a importância de se o comprometer na promoção de um ambiente que dê bases ao desenvolvimento do bem-estar emocional das crianças e jovens.
Adotar estratégias que promovem respeito à diferença, tolerância e empatia são a base para garantir a saúde mental de nossas crianças e jovens. Só assim poderemos ajudar a construir um futuro saudável para a sociedade como um todo onde cada cidadão estará ciente de seus direitos e deveres para com o próximo.